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A Semana na Imprensa

A Semana na Imprensa

Von: RFI Brasil
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Über diesen Titel

Uma leitura dos assuntos que mais interessaram as revistas semanais da França. Os destaques da atualidade do ponto de vista das principais publicações do país.

France Médias Monde
Politik & Regierungen
  • Revista francesa traça perfil de Alexandre de Moraes, o 'xerife da democracia' brasileira
    Sep 20 2025

    Referência entre o público francês para análises políticas e sociais, a revista semanal Le Nouvel Obs traz nesta semana um perfil do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Figura central no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, Moraes é retratado como "um magistrado inflexível", cuja atuação se tornou símbolo da resistência institucional à erosão democrática no Brasil, um verdadeiro "xerife da democracia" no país.

    O Nouvel Obs traça, em dez pontos, o perfil do ministro Alexandre de Moraes, destacando sua atuação no julgamento de Jair Bolsonaro. Segundo a revista, o magistrado brasileiro “descreveu, durante cinco horas e sem consultar suas anotações, a organização criminosa liderada por Bolsonaro e seus aliados”.

    Apelidado de “Batman” nas redes sociais, Moraes é apresentado como o juiz mais visível — e também o mais criticado — do país, diz a revista. A semanal relembra episódios emblemáticos, como o bloqueio do aplicativo Telegram em 2021, e a ofensiva verbal de Elon Musk, que o classificou como um “ditador diabólico”.

    A publicação francesa ressalta que Moraes ingressou na magistratura aos 23 anos e, desde os anos 2000, passou a ser notado e cortejado pelas elites paulistanas. “Jurista renomado, suas ideias alinhadas à direita fizeram dele um líder pronto para a política”, afirma o veículo.

    O perfil também recorda sua passagem pelo Ministério da Justiça, entre 2016 e 2017, durante o governo Michel Temer. À época, era visto como uma “pedra no sapato da esquerda” — imagem que se transformou com a chegada de Bolsonaro ao poder, em 2019, quando Moraes passou a ser considerado um “super-herói” pelos progressistas.

    "Ombros de lutador"

    Com “maxilar definido e ombros de lutador”, Alexandre de Moraes cultiva sua imagem pessoal com o mesmo rigor que aplica em suas decisões judiciais, observa Le Nouvel Obs. A revista relembra o episódio em que o ministro foi fotografado exibindo o dedo do meio durante uma partida de futebol — gesto que teria ocorrido pouco depois de o presidente Donald Trump revogar seu visto de entrada nos Estados Unidos.

    Aos 56 anos, Moraes tem mandato no Supremo Tribunal Federal até 2043, o que, segundo a publicação, garante-lhe “uma longa influência sobre a vida política brasileira”.

    Figurinha carimbada na imprensa francesa

    Esta não é a primeira vez que Alexandre de Moraes vira manchete na imprensa francesa. No dia 10 de setembro, a revista Les Echos também traçou o seu perfil, dizendo que "o juiz que derrubou Bolsonaro afirma que 'houve, sim, um golpe de Estado' no Brasil".

    No dia 8 de setembro, o jornal Le Figaro titulou "Alexandre de Moraes, o todo-poderoso juiz brasileiro que liderou a batalha judicial contra Jair Bolsonaro". "Enquanto o ex-presidente brasileiro acaba de ser condenado a 27 anos de prisão em seu julgamento por tentativa de golpe de Estado perante a Suprema Corte, os olhos se voltam para um magistrado, conhecido por sua intransigência, que se tornou alvo de Donald Trump", publicou o diário francês.

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  • França: livro revela custo bilionário de 'presentes' de Macron para os ricos em oito anos de poder
    Sep 13 2025

    € 270 bilhões de apoio às empresas, sem contrapartida, e subsídios fiscais para os mais ricos: este é o valor total dos “presentes" do presidente Emmanuel Macron à elite econômica do país, conforme revelações de um livro de investigação publicado esta semana na França.

    Os autores, dois jornalistas da revista Le Nouvel Obs, afirmam que a política “pró-business” do presidente desestabilizou o modelo social e pesou sobre a dívida pública francesa, estopim de mais um capítulo da crise política no país.

    “O Grande Desvio – como milionários e multinacionais captam o dinheiro do Estado” é o título da obra (em tradução livre do original em francês). Baseados em relatórios de instituições como Tribunal de Contas e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), os autores, Matthieu Aron e Caroline Michel-Aguirre, analisam em detalhes “o buraco negro” da política de subvenções e subsídios fiscais que beneficiaram as grandes empresas e fortunas nos últimos oito anos, desde que Macron assumiu o poder.

    Redução dos impostos das sociedades e da produção, diminuição dos encargos sociais, teto da contribuição sobre a renda do capital e substituição do Imposto sobre a Fortuna por uma taxa focada apenas na "fortuna imobiliária” são algumas das medidas que favoreceram os ricos nos últimos anos – e sem que houvesse uma avaliação eficaz sobre os benefícios dessa política para a economia francesa, denuncia a obra.

    “O sistema de ajuda incondicional enriqueceu multinacionais que continuam a deslocar as linhas de produção para o exterior e entregam cada vez mais dividendos para seus acionários”, diz o livro, segundo resenha publicada na revista L’Obs. Entre os beneficiados, estão gigantes como Michelin e o império do luxo LVMH.

    Retorno da política pró-business é questionado

    Neste período, o desemprego baixou a 7%, mas a França não atingiu o pleno emprego, como prometeu Macron. As exonerações resultaram em € 80 bilhões a menos de arrecadação por ano, quase o dobro do valor previsto no plano de economias apresentado pelo ex-primeiro-ministro centrista François Bayrou, que acaba de deixar o cargo.

    Em paralelo, a edição desta semana da revista Le Point calcula quanto custa a instabilidade política na França, que acaba de conhecer o seu quarto chefe de governo em pouco mais de um ano. Segundo a publicação, a crise gerada pela dissolução da Assembleia Nacional por Macron, em junho de 2024, já gerou um prejuízo de € 12 bilhões para o país.

    Os juros para títulos do Estado francês agora estão no mesmo patamar da Itália, e a insegurança fez os investimentos desacelerarem, o consumo cair e o nível e a poupança subir. Resultado: a crise fez o país perder 0,1 ponto de PIB em 2024 e 0,3 neste ano, conforme os cálculos do Observatório Francês de Conjuntura Econômica (OFCE), citados pela Le Point.

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    2 Min.
  • Crise política na França: imprensa francesa aponta esgotamento do modelo presidencialista
    Sep 6 2025
    A imprensa francesa aponta para um impasse político profundo na França, marcado pela instabilidade institucional e pela crise de representatividade. Enquanto a revista L’Express destaca a tentativa de Emmanuel Macron de buscar inspiração no modelo parlamentar alemão, a L’Obs analisa os sinais de esgotamento da Quinta República diante da sucessão de governos frágeis e da ausência de maioria parlamentar. Ambas as publicações apontam para a leitura de um sistema político em colapso, onde o presidencialismo centralizador já não responde às exigências de uma sociedade em ebulição. A queda anunciada do governo Bayrou representa mais um capítulo da crise política que se aprofunda na França, segundo análise da revista L’Obs. Em menos de três anos, cinco chefes de governo ocuparam o cargo e foram registradas 110 mudanças ministeriais, lembrando a instabilidade da antiga Quarta República (1946–1958). A ausência de maioria no Parlamento desde as eleições de 2024, somada à pressão social — com protestos organizados por sindicatos e movimentos como “Bloqueemos tudo” — revela um impasse institucional. A crise atual não é apenas política, mas também democrática e social, e levanta a questão: estaríamos diante do esgotamento da Quinta República ou da falência de uma classe dirigente incapaz de reinventar o exercício do poder? Leia tambémCom queda anunciada de primeiro-ministro e pressão das ruas, Macron está cada vez mais isolado Especialistas ouvidos por L’Obs apontam para um descompasso entre a nova configuração parlamentar e a cultura política francesa, ainda marcada pela centralização e pela figura presidencial dominante. Emmanuel Macron, mesmo enfraquecido, resiste à ideia de dissolução ou renúncia, enquanto busca um novo chefe de governo capaz de aprovar o orçamento de 2026. A hiperpresidência, modelo que já não responde às exigências do momento, parece travar qualquer tentativa de mudança. Para alguns analistas, a saída pode estar em olhar para experiências parlamentares de outros países, como a Alemanha ou a Espanha, onde a negociação entre forças políticas é parte essencial do funcionamento democrático. A crise é profunda, mas pode ser uma oportunidade de repensar o regime. "Monárquico" Emmanuel Macron, segundo reportagem da revista L’Express, parece buscar inspiração no modelo alemão de coalizão para enfrentar o impasse político francês. Em declaração publicada em 21 de agosto, o presidente apontou para o sistema parlamentar da Alemanha como exemplo de cooperação entre partidos. No entanto, como destaca L’Express, essa referência entra em choque com o estilo de governo adotado por Macron desde 2017, marcado pela centralização do poder e pela recusa em adotar o voto proporcional. A publicação questiona se o presidente estaria tão acuado a ponto de procurar em Berlim o que não consegue construir em Paris. A revista L’Express traça um paralelo entre os dois sistemas políticos: na Alemanha, os partidos são respeitados, bem estruturados e operam dentro de um sistema que os obriga a formar alianças. Já na França, os partidos vivem em crise de identidade e representatividade, com siglas que mudam com frequência e pouca base social. Leia tambémFim de festa no governo Bayrou: imprensa francesa expõe privilégios e desgaste político A reportagem lembra que Macron, ao fim de seu primeiro mandato, rejeitou a ideia de coalizão e abandonou a proposta de reforma eleitoral. Mesmo após as eleições legislativas de 2024, quando se falou em uma virada parlamentarista, não houve esforço real de negociação entre os atores políticos. Como observa L’Express, Macron foi moldado pela lógica da chamada Quinta República, onde o presidente exerce um papel quase "monárquico". A comparação com o modelo alemão, segundo a revista, revela mais uma contradição do líder francês, que prefere o poder absoluto à construção de consensos. Com a votação decisiva marcada para 8 de setembro, L’Express alerta para o risco de um novo abalo nas instituições francesas — e questiona até quando elas resistirão sem uma reforma profunda.
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